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sexta-feira, 18 de abril de 2008

sing along with the beatles

outro dia eu estava pensando: estou ficando velha e acho que nunca saberei cantar as músicas de outra banda como eu sei cantar as dos beatles. digo, saber as letras de praticamente todas as músicas de uma banda que não sejam eles.

eu comecei a gostar dos beatles na sexta série (e lá se vai um bom tempo), depois que uma professora de música me deu uma nota baixa num trabalho, dizendo que eu não sabia nada sobre eles. dá pra ver minha personalidade invisivelmente do contra se manifestando desde então, por sinal.

como uma espécie de vingança, ou nem sei movida por que sentimento (orgulho ferido, talvez?), fui atrás de meu avô musical, que tinha todos os discos deles. gravei em fitas (já falei disso aqui), de uma forma inusitada, porque separei alguns álbuns para que eles coubessem nas fitas. então sgt. peppers mesclou-se com algumas canções de algum outro álbum, e terminou com as músicas finais de sgt. peppers, e virou uma fita chamada "sgt. pepper's show", que servia para eu me imaginar num grande musical, cantando aquelas músicas, sapateando, dançando e usando mil figurinos luxuosos. foi muito bom ser criançavirandoadolescente numa época em que você não tem que ser mini adulto aos 13, 14 e 15 anos.

como não tinha internet, você (no caso, eu) tinha que se virar nos 30 com o que aparecesse com as letras das músicas. no meu caso, revistinhas de violão (sendo que eu nunca toquei violão na vida, só pra constar), alguns discos que tinham encarte, sentar com o rádio do lado e ouvir a música, tentando tirar a letra de ouvido e ir pausando a cada frase... copiar em cadernos com títulos em caneta colorida e outras bichices. um dia que foi particulamente feliz foi quando, na casa de um primo meu que também adora os beatles (e morava em são paulo quando eu morava em salvador), eu descobri que ele tinha UM LIVRO COM AS LETRAS DE TODAS AS CANÇÕES DOS BEATLES. isso em 1995. eu fiquei horas ali, querendo possuir aquilo, ter tempo de copiar todas as letras, e no fim, acabei mesmo foi olhando aquelas dúvidas que eu tinha das letras de algumas músicas que conhecia de ouvido e só.

aí veio a internet e tudo mudou e a vida da gente ficou bem mais fácil.

de qualquer forma, o objeto mesmo desta divagação é esse: eu nunca mais vou ter tanto tempo livre, imaginação, vontade (ganas, mesmo, na verdade) e o sentimento de que só aquela banda importa, para aprender a cantar todas as letras. hoje em dia são 50 novas bandas e artistas por dia que você "tem que ouvir", sem contar quando você (de novo, no caso, eu) surta e pensa que "como assim eu não sei nada sobre samba? preciso aprender TUDO!" (eu sei, tenho que parar com essa mania totalizante). ou seja, não é só o presente e as coisas novas que surgem a cada dia. tem todas as coisas VELHAS que você nunca ouviu direito e quer conhecer. não tem como aprender a cantar tudo, só se eu fosse autista que nem dustin hoffmann em rain man, totalmente desocupada e anti social (quem vai deixar de sair pra tomar cerveja porque vai ficar em casa decorando todas as letras do sonic youth? eu é que não).

de qualquer forma, tem os que sempre terão paris. e eu sempre terei os beatles.

6 comentários:

fabiana disse...

'...tentando tirar a letra de ouvido e ir pausando a cada frase... copiar em cadernos com títulos em caneta colorida e outras bichices.'

Esta sou eu dos 11 aos 16 anos...

Moët disse...

Cara, sou mais Paris que Beatles... :-P

très julie disse...

mas é que paris não é uma coisa minha. é linda e tal, mas nunca passei tanto tempo sonhando com a cidade, e estive lá por apenas 4 dias. em termos de cidades, londres é muito mais minha.

anyway, eu usei a frase no contexto de ter uma lembrança de algo intenso que eu vivi e que eu vou ter sempre, igual ao filme, que eu, por sinal, não vi até hoje.

Anônimo disse...

Bom, eu nunca tive isso tão assim com os Beatles mas tive com outras bandas e artistas. E não tenho mais. Talvez goste até mais de música hoje porque ouço de forma mais ampla e aberta e sem apego a só uns ou outros. Mas achei legal pensar depois de ler isto que também é uma questão de tempo e pique de outrora.

E sendo que o contexto era música, não terá a eduarda querido dizer Paris Hilton? ;)

paula disse...

Quantos cadernos e canetas de doze cores perfumadas eu gastei copiando letras de música?

Os Beatles entraram na minha vida ainda na infância, uma coletânea em vinil - Beatles Oldest But Goldest - que eu herdei dos discos de solteira de minha mãe. Pena que nenhum de meus avós era fã. O acesso à obra foi difícil, ainda tenho lacunas.

Mas Paris, Paris mêrmo... ;)

très julie disse...

eu falei sobre os beatles mas sabendo que cada um vai ter uma banda equivalente na formação de seu gosto musical/no seu coração.

e não é só tempo e pique de outrora. acho que é também porque a gente tinha acesso a menos bandas e discos. será que essa garotada nova que cresceu/está crescendo com internet e a possibilidade de ouvir o mundo passou/passa por isso? ou a adolescência tem sua contribuição nessa coisa de ouvir mil vezes a mesma música até decorar e saber cantar todas as músicas dos ídolos?