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terça-feira, 9 de junho de 2009

naquele tempo...

ok, ok, o período de bolas de feno rolando por aqui passou. vou tentar aparecer pelo menos uma vez por semana, sem muita autocobrança e tal. eu já disse que se tivesse uma maquininha ligando meu cérebro com um processador de texto, minha vida seria BEM mais fácil (e esse blog estaria sempre bombando de posts). mas não tem, né? então a gente se vira do jeito antigo mesmo.

hoje na hora do almoço minha mãe estava dizendo que ela se lembra da época em que não existia plano de saúde. e já tem um tempo que eu queria falar sobre coisas que não existem desde sempre ou existiam quando eu era criança/adolescente. até porque todo mundo aqui é mais ou menos da mesma idade (se você é odiosamente novo, pode rir também, eu deixo).

então, gente, o mundo já foi assim (bom, estou aqui resgatando memórias que podem não ser de todos):

não existia filtro solar
e nem pedro bial mandando a gente usar filtro solar. sério, sério. tá, não é que não existia, mas ninguém no brasil usava, só tinha coppertone (aquele do cachorrinho puxando o biquini da menina, que, por sinal, é jodie foster), e minha mãe tinha um tubo de pomada noskote que nunca acabava (porque, como eu disse, ninguém usava). basicamente, você passava o verão inteiro na praia sem usar nenhum produto besuntante que não fosse óleo bronzeador - minha mãe usava o bronzeador juruá, que vinha de belém do pará e tinha consistência de azeite de dendê misturado com mel. tinha até um povo maluco que passava coca cola pra dar aquele bronze.
então, um belo dia, apareceu o sundown. que, quando surgiu, tinha 3 opções: FPS 4, 8 e 12. eu usava o 4, e minha irmã, que hoje usa praticamente filtro solar barraca líquida usava o 8. é, não existia filtro solar mas ainda existia camada de ozônio...

condicionador se chamava creme rinse
e ainda digo mais: cada marca devia ter um. nada desse negócio de específico pra cabelos tingidos, cacheados, lisos, alisados, bla bla bla. a payot tinha um rosa (que se chamava creme rinse), tinha o neutrox 1 (amarelo, pra uso no banho) e 2 (rosa, pra praia e piscina), o boticário apareceu e tinha um.
aliás, o boticário, quando apareceu, devia ter tipo 10 produtos. super me lembro do shampoo de maçã verde (na década de 80 o pessoal curtia shampoo de maçã verde, depois sumiu), desse condicionador que vinha num frasco marrom e tinha tampa de metal QUE ENFERRUJAVA, e, claro, já tinha o acqua fresca, que deve ter sido o perfume usado pelos dinossauros (junto com aqueles da linha cristal da avon).

os shampoos tinham "sabores" estranhos
além do já citado maçã verde do boticário (tinha da niasy também, mas não lembro mais o nome do produto), era mega comum shampoo de ovo. juro, gente. tinha o seda ovo, o wella seleção ovo...
ah, sim, existia um shampoo chamado wella seleção. eu até hoje não me conformo com isso, até porque não tinha nada a ver com futebol.

existiam deditos
e nem venham dizer que hoje tem palitos de chocolate, porque deditos é insubstituível. nenhum, nenhum, NENHUM é tão bom quanto ele.

hidratação se chamava "massagem"
pelo menos aqui em salvador.
aliás, até hoje você vai achar gente que fala que vai dar uma massagem no cabelo. e dar uma escova. e tomar um curso de computador.

a gente ouvia o resultado do vestibular no rádio
e no dia seguinte saía no jornal, que você comprava e ficava lendo TODAS as listas pra achar os conhecidos.
agora não, tem essa facilidade de internet, a vida desse povo é muito fácil. e bem menos emocionante, porque ficar de galera ouvindo a lista de aprovados no rádio empolga muito mais do que acessar um site, jogar seu número de matrícula e ver o nome lá. acreditem em mim.

existiam os brinquedos estrela
não sei pra vocês, mas pra mim, brinquedo era estrela (tirando jogos, que eram grow). sabe aquela coisa de "existe a globo e existem as outras (que eram basicamente o SBT, a bandeirantes e a manchete)"? então, pra mim era assim com a estrela. meus brinquedos preferidos de todos os tempos (que não eram importados) eram da estrela: coleção moranguinho, querido pônei, ursinhos carinhosos, barbie, snoopy de pelúcia, snif snif...
e os comerciais? quando chegava perto do dia da criança, eles começavam a passar na tv, com todos os brinquedos, e a gente via aquilo e ficava com os olhos brilhando.
o jingle era algo. quero ver quem foi criança nos anos 80 e é capaz de ver esse vídeo sem se emocionar. eu quase chorei:



aliás, os jingles merecem uma menção especial; até hoje eu canto "trem das onze" na versão estrela:
não posso ficar nem mais um minuto sem big trem
sinto muito, mamãe, mas não pode ser
gosto de emoção
se eu perder esse trem que a estrela fez pra toda hora
só quem não tem coração
e além disso, mamãe, tem outras coisas
vai pra frente, vai pra trás e faz piuí
sou filho único
quero um big trem para brincar

o mundo era politicamente incorreto
por exemplo, eu tive uma boneca que passava roupa e enceradeira no chão, e que se chamava AMELINHA.
a tv exibia programas como tv pirata, que não só sacaneava com os planos econômicos como ainda tirou uma com a cara de narjara turetta ("a partir de hoje, um saco de pitombas passa a valer uma narjara turetta").
a revista manchete tinha uma edição especial de carnaval com um monte de fotos de mulheres seminuas, inclusive no baile vermelho e preto, que, na minha concepção, só podia ser um lugar onde só tinha prostituta.
não vou dizer que era melhor, já que o povo tava basicamente cagando pras minorias e pro meio ambiente, se você fosse ao psicólogo era problemático, só maluco ia no psiquiatra e tal. mas também na hora de ir a forra, exageraram pro outro sentido, porque atualmente tá foda.

absorvente íntimo não tinha abas
sim, colega, pasme. eu mesma não sei como a gente conseguia não se manchar inteira com eles. e também não tinha cobertura sempre seca (que maravilha é aquilo pra deixar uma mulher assada nas partes pudendas, não?) nem aquela tecnologia que transforma xixi em flocos de gelatina - ah, não, isso era pras fraldas descartáveis. o que me lembra que franda descartável era artigo de luxo, pra usar quando o bebê fosse sair e não obrasse o carro/as outras pessoas/a roupa nova. no dia a dia, era todo mundo usando fralda de pano.

não existia photoshop
sim, as mulheres saíam peladas e a gente efetivamente sabia como elas eram. e silicone não rolava, nem nos peitos e nem nos cabelos.
aliás, como o estatuto da criança e do adolescente é de 1990, menores de 18 anos saíam peladas, tipo luciana vendramini, que foi paquita meia hora só pra sair fantasiada na capa da playboy.

as pessoas não tinha gaydar
não mesmo. o cara tinha que ser tipo um ney matogrosso para ser identificado como gay. e um viadeiro era sex symbol (das mulheres): freddie mercury, lauro corona (que eu achava lindo por causa da novela direito de amar, mas, oi?, eu tinha 10 anos), george michael...

não existia leave-in (creme sem enxague)
junte isso ao fato de que você lavava seu cabelo com shampoo wella seleção ovo, passava creme rinse e secava com a toalha e saía saltitante e você vai entender porque os cabelos da década de 80 eram tão satânicos.

michael jackson era preto
e é por isso que poliana explica, a quem nunca jogou, nem sabe como se joga perfil, as regras da seguinte forma (não estou exagerando): "o jogo é assim, uma pessoa lê as dicas, você escolhe um número, a pessoa lê a dica, por exemplo: 'sou negro', e aí você tem que responder michael jackson porque o jogo é velho". gotta love her.
ah, além de preto, ele tinha nariz.