Neil Gaiman trabalha no roteiro de Os Filhos de Anansi para o cinema
Em entrevista à MTV norte-americana, Neil Gaiman declarou que está trabalhando no script para a versão cinematográfica de Os Filhos de Anansi. Gaiman diz que “um produtor” o procurou após ter lido o livro durante uma viagem de avião. “Como o livro já tem a estrutura de um filme, só temos que aparar as arestas para que ele não vire um filme de 5 horas”, conta o autor. Gaiman também voltou a trabalhar no roteiro de Lugar Nenhum, projeto do qual tinha se afastado em 1999.
(texto original, clique aqui)
essa notícia me deixou deveras feliz.
imagino que muita gente aí esteja se perguntando 1) quem é neil gaiman e 2) que porra é os filhos de anansi.
a primeira pergunta é mais fácil de responder. neil gaiman começou como roteirista de quadrinhos, e hoje escreve livros. tá, ele não é só um roteirista de quadrinhos qualquer: ele é o pai da série sandman. imagino que mesmo quem não é aficcionado por quadrinhos já tenha ouvido falar de sandman - já que estamos falando de algo que é maravilhoso, arrebatador, um marco na história dos quadrinhos, etc, etc. certo, já que estamos falando de algo que se tornou bastante conhecido e cultuado, que está sendo relançado pela ed. conrad por arcos (graças a deus só falta o último e eu completo a minha coleção), que suscita intermináveis discussões nerds e que, enfim, tem uma qualidade fenomenal. mesmo que você não goste de quadrinhos, você pode gostar de sandman. ah, você é menina? não importa, porque, lendo sandman, você vai descobrir como existem várias personagens femininas fodásticas nesta obra de gaiman. enfim, mas esse post não tem a pretensão de ser sobre sandman. mas deu para perceber que esta é a minha obra em quadrinhos favorita.
a resposta da segunda pergunta é: os filhos de anansi é um livro de neil gaiman (título original em inglês, anansi boys. foi lançado no brasil pela ed. conrad). talvez você já tenha lido alguma coisa dele (quadrinhos, contos, algum dos outros livros). o que faz de filhos de anansi tão especial pra mim?
pra começar, é um livro divertido. não apenas um livro envolvente, ou bem escrito. sabe esses livros que a gente lê, acha muita graça e quer comentar alguma frase com o amigo do lado? é assim. gaiman é bem humorado, irônico ou mesmo engraçado em sua obra; no entanto, um livro todo engraçado não é uma característica sua até o momento (tirando as belas maldições, que é uma parceria dele e terry pratchett, e é um livro bem engraçado; mas eu ninca li nada de pratchett solo, então não sei se esta é uma característica dele).
depois, é um livro cinematográfico. eu e minha irmã lemos em 1995, numa viagem fraternal à europa, e comentamos como seria engraçado ver certas passagens do livro sendo encenadas na telona. me lembro que ela achou que a cena em que anansi morre (num videokê, cantando i am what i am, caindo do palco e, na queda, levando o bustiê de uma turista que estava assistindo à sua apresentação) merecia ser interpretada por jim carrey (sou a favor).
o terceiro motivo dá pra sacar lendo o parágrafo acima: é um livro que me remete a boas lembranças de uma ótima viagem. se eu não tivesse lido anansi, picadilly circus ia ser mais um lugar em londres (um dos poucos que nada me diriam naquela cidade). mas, graças ao livro, virou o lugar onde a gente sentou ao pé da estátua e ficamos conversando e olhando o movimento da rua e resolvendo aonde ir. sim, embora livros sejam normalmente uma diversão individual e solitária (não no sentido de solidão, mas de ser algo que se faz sozinho), eles são um excelente meio de criarmos certos laços com certas pessoas.
o fato é que eu gosto tanto deste livro que já o dei de presente a umas 3 pessoas (eu sinceramente espero que elas tenham gostado). mas estou a divagar e não contei nada do livro, então, aí vai:
o livro conta a história de charles nancy, conhecido por fat charlie, que é filho do sr. nancy (que é, na verdade, anansi, o deus aranha - se você leu deuses americanos, deve se lembrar dele). fat charlie tem uma vida pacata e, por que não dizer? sem graça. ele mora em londres, está noivo de rosie (que é virgem e pretende continuar assim até o casamento), tem um emprego de contador e that's all, folks. com o casamento chegando perto, ele tenta entrar em contato com o pai, obedecendo a um desejo de rosie - porque, na verdade, não há nada que fat charlie deseje menos do que reencontrar o pai, que, segundo ele, é uma pessoa que sempre o coloca em situações contrangedoras.
ele então descobre que o pai morreu, vai até os estados unidos para o funeral e lá descobre que que o pai era anansi, o deus de todas as histórias, e que ele, fat charlie, tem um irmão, spider, cuja existência ele desconhecia.
claro que spider aparece e vira a vida de fat charlie pelo avesso. spider é tudo o que fat charlie gostaria de ser: confiante, cheio de magnetismo, cool, cara-de-pau, e, ainda por cima, herdou os poderes divinos do pai. ah, é lógico, spider se apaixona por rosie (e ela, por ele), e, porque ele se recusa a ir embora, obriga o irmão a tomar providências para que ele suma.
providências sobrenaturais, digo logo.
contando assim, não tem graça, mas eu juro que o livro é ótimo. a leitura flui lindamente, e os personagens* são cativantes, mesmo os odiosos - o chefe de fat charlie, a mãe de rosie). não é à toa que está na minha lista de livros sempre relidos (um dia eu falo mais um pouco sobre isso, mas já adianto que, além de ler livros, eu adoro RELER livros).
super recomendável, mesmo para quem nunca leu gaiman e nem gosta de quadrinhos. e que venha o filme!
*me desculpem, mas eu não consigo usar a forma correta, as personagens
2 comentários:
você sabe que nunca li obre que gayman que não fosse novela gráfica? só mesmo sandman (preferido aqui tb), orquídea negra, mr. punch, essas assim. preciso realmente provar esse outro lado.
obra de gayman. que "obre que gayman" foi esse, modeuso?
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