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segunda-feira, 26 de maio de 2008

physical, physical...

crônica de uma morte anunciada. eu não tinha nem arrumado meus panos de bunda pra voltar e já sabia que, quando estivesse novamente morando em salvador, não ia escapar: ia entrar na academia.

academia não de estudos, nem brasileira de letras, mas de ginástica, claro.

e por que eu tinha tanta certeza? se você perguntou isso, você não conhece minha mãe. minha mãe é gordofóbica. e eu estou (bem) gorda, logo, essa conjunção de pessoas sobre o mesmo teto não ia rolar MESMO.

fato é, cheguei de são paulo numa quarta, na sexta ela já estava indignada dizendo que eu estava inventando desculpas pra não ter ainda entrado na academia. chegamos ao ponto da seguinte cena:

amiga de minha mãe: fulana, você viu quem morreu? dinha do acarajé!
minha mãe: vi sim. e com 55 anos! e sabe por quê? ela era hipertensa e tinha diabetes!
(passo eu, desavisada)
minha mãe (se dirigindo a mim): e eu acho bom você ir tratar de emagrecer, senão vai acontecer a mesma coisa com você!

detalhe, eu não tenho 55 anos, nem sou diabética e nem sou hipertensa.

mas, enfim. para selar a paz com a genitora e pelo bem da minha saúde (não sou diabética mas tenho todo o código genético pra ser, e sedentária e com sobrepeso, tô pedindo pra me fuder - me desculpem os sensíveis), lá fui eu, sexta de tarde, rumo à academia.

não é a minha primeira experiência com fitness. mas eu confesso que sempre gostei mesmo é de dançar. só que, salvo engano, não existem aulas de jazz dance geriátrico sendo oferecidas nesta aprazível capital da bahia, e, por outro lado, uma atividade com um horário fixo, do jeito que minha vida está (leia-se, cheia de novidades e dependendo da caridade e da carona alheias), é pedir pra faltar.

falando sobre as experiências anteriores, eu confesso: a primeira vez que eu fui pra uma sala de musculação, achei que estava na academia da barbie (a boneca, não a que sempre aparece por aqui com comentários ótemos). pra quem não sabe o que é, ou não lembra da tal academia, tó uma foto:


pode acreditar, esse brinquedo existiu. e eu tive, por sinal.


eu não queria achar isso, mas acho. no dia em que eu descobri que existe um aparelho que serve para malhar a panturrilha, eu me convenci de que a academia da barbie existe e é real.

outra coisa que complica horrores o processo: quando você está gorda, ir pra um lugar onde tem mil gentes saradas e com bom preparo físico não é algo que te deixe bem. você fica com a sensação de que TO-DO MUN-DO da academia está olhando você e dizendo "olhem a gorda". aliás, você anda na esteira e, dos dois lados, só tem gazelas correndo desenvoltas. ah, eu falei que preciso me segurar nas barras laterais, senão fico com medo de tropeçar e cair na esteira, e ficar lá rodando igual ao cachorro astor na abertura do desenho dos jetsons? pois é.

ah, e aquele povo que fica se achando a delícia cremosa da academia também é um saco. é tem milhares assim, claro. mas isso tem seu fundo de recalque, já que ali, ninguém quer saber se eu gosto de cinema, de música e de ler, e, claro, não tem como eu brilhar apenas pelo meu corpitcho verão.

anyway, precisei rever meus conceitos. há 10 dias que eu estou freqüentando esse mundo mágico de culto ao corpo, indo em horários variados (de manhã, de noite, quando dá), e não apenas estou andando como um hamster na esteira, mas também estou fazendo musculação (quando dá tempo e quando eu tenho saco, até o momento foram 4 sessões). confesso que não estou achando mais tão ridículo quanto no primeiro dia. mas continuo me chateando quando os instrutores dão atenção às meninas gostosas que estão pegando 45 kg de peso em cada perna pra ficarem coxudas e me ignoram solenemente, mas também tô chegando e me impondo. afinal, eles são pagos pra agüentar as gordas também, né não? como diria lobão, quer moleza, senta no colo de lulu santos.

mas eu ainda não consegui admitir a possibilidade de fazer aula de suingue baiano. imaginem, eu, durante uma hora, pulando ao som dos hits do axé e pagode? dançando no ritmo de chupa que é de uva e senta que é de menta? vou me sentir traindo o movimento, cara! fora que podiam escolher um nome menos brau.

p.s. diz a lenda que "suingue baiano" inclui também funk e black music. qualquer hora dessas eu vou ver uma aula e, quem sabe, não mudo de idéia?

p.p.s. acabei de me lembrar que physical era o nome da academia que tinha na novela cambalacho. ou será que eu sonhei?

18 comentários:

Anônimo disse...

Cara, Jules, se vc gosta de dançar e a tal aula de ssssuingue baiano é a coisa mais próxima que tem, se juega!

Sim, Physical era a academia da Suszxjana Vieira...

Anônimo disse...

Menina, eu amay a Academia da Barbie. Mas eu tinha (aliás, eu AINDA TENHO) o Lar-Escritório. Acho que eu sempre sonhei em ser uma workaholic, sem vida e sem tempo pra nada...

Mas academia é isso aí: ninguém tá preocupado se sabemos pontuar as características da Indústria Cultural ou da Escola de Frankfurt. Minha tática para ME CHATEAR MENOS na hora do trêêêno (essa palavrinha é RIDÍCULA) era evitar o horário Caras: nada de ir pra 'cadimia entre 18:30h e 21:30h. Lógico que fica difícil, se vc depende de caronas e afins, mas é uma saída. Eu era aquela pessoa que ia malhar às 10:30h da noite pra evitar os olhares que, CLARO QUE SÃO PRA MIM, PORRA!, de "olham a gordammm".

Apesar de todos os meus traumas com malhação, acho que voltarei a suar a camisa no próximo mês. E eu quero ver a diferença de tratamento, agora que estou com 45 quilos a menos. Ok, não me acho A delícia cremosa, até pq, MEU DEUS, eu sou flácida e isso é praticamente uma heresia nesses ambientes. Mas que existe uma GORDOFOBIA, tanto por parte dos professores quanto por parte dos alunos, isso existe! Pena que esse tipo de sentimento não seja exclusividade das salas de musculação... :(

Anônimo disse...

meu comentário é só pra dizer que sou filha única e tive o lar/escritório & a academia. assim como o restaurante, a cozinha, a banheira, o quarto, o carro, o carro com trailler e enfim, como é? EU OUVI PIÁ DE PRÉDIO?

fabiana disse...

Piá de prédio, certeza!

Eu tenho o lar e escritório até hoje... enfim...

Nunca quis frequentar academia, mas, acho que independente do ritmo, se você quer dançar: se joga!

Anônimo disse...

Eu tinha a geladeira e o fogão (ambos amarelos e cheeeios de comidinhas e panelinhas). E também uma CHAISE, chiquetérrima. E todos os membros da Família Coração. Alguém lembra da FAMÍLIA CORAÇÃO?

Quéroul disse...

nossa, que NOGO da xarazinha. eu queria tudo da barbie mas não consegui.

saco!


e eu largeui a cadimia. tava bom enqto durou, mas tenho agora 5 meses pra reengordar e acabar com o condicionamento.
=*

Anônimo disse...

Estou chegando à conclusão de que eu era futil desde criança: eu tinha o shopping da Barbie! Tb tinha a banheira, o quarto e o conversível (pink TU-DO de bom). E como era CG (leia-se: corpo gordo) desde criança, meu sonho de consumo era o mcdonalds da Barbie.

Fé em vc, 'cadimia vai vingar!!

très julie disse...

se ter tudo da barbie é ser piá de prédio, tô no páreo pra esse prêmio, hein?
e fico devendo um post falando sobre tudo o que eu tinha da barbie.

Anônimo disse...

Fico muito feliz por você estar indo. Não acho legal essa pressão psicológe de mamã mas no fundo a pressão dela te levou a fazer algo excelente pra você. Preciso arrematar que, como toda pessoa dura, ela é engraçada. "Viu? Isso vai acontecer com você". Não vai acontecer não, mas me mijei da fala em si.
Eu penso tudo isso de cadmía que você escreveu, MAS a minha é uma bênção: é uma barata de bairro (mas por sorte limpinha en com aparelhagem moderna) onde não há um único ser fashionable. Também não é (agora falando da perspectiva masculina, já que nossas preocupações cadimiísticas são em partes outras) uma cadmía de ogros. Ninguém lá é gigante, então ninguém fica humilhando ninguém posando seus super músculos. Claro que sempre tem o frango que pesa 50 kg e se acha fortão, mas isso não agride, é extremamente divertido. Academia com gente fashionable com seus modelitos Hermès e querendo dar uma de gostosos eu sinceramente não ia agüentar. Contudo, noto esse lance de instrutor dar muita atenção pra menininha gostosa, mediana pra meninas normais, pouca pras coroas e quase nenhuma para nós, meninos, que também pagamos para receber instrução e não foder a coluna com movimentos errados. Enfim.

paula disse...

O mais legal quando eu ganhei a academia da Barbie foi que ela conseguiu agregar meu primo mais novo que morava no mesmo prédio ás brincadeiras de boneca entre eu e minha prima, irmã dele. Como malhar era “coisa de macho”, ele podia ser o Ken, dono e proprietário da academia. O que nos livrou das surras diárias com a espada de He-man nas “brincadeiras de luta”, onde o papel dele era lutar, o nosso apanhar.

paula disse...

Já a academia de verdade, essa sempre foi um tormento pra mim. Eu inventei de começar a frequentar lá pelos 13 anos, auge da minha obesidade. Foi complicado enfrentar a gordofobia e a crueldade da adolescência num ambiente daqueles.

Depois de muitos anos e muitos quilos a menos eu voltei. Continuei odiando a repetição, e o ambiente, ainda que então ele me fosse menos hostil. Acabei saindo de novo.

Mas sei que é necessário, não só pela estética, mas pela saúde mesmo. Pelo bem estar, pelo conforto com o corpo. Vou voltar. Estou adiando isso desde o começo do ano.

Quem sabe tento também o swing baiano? ;) Pelo menos tem o lúdico da dança.

Força, Cunhade! "Cara, pega a malhação, vai ser legal!"

Anônimo disse...

E Piá de Prédio é a coisa mais curitchybana EVER. Adoooro!

très julie disse...

e aviso, eu não lembro de família coração, mas, pelo nome, deve ser medonho.
mas, só adiantando, eu tive uma barbie roqueira new wave ruiva. sensacional!

Anônimo disse...

gente, mas então você virou a sua Barbie! no orkut está ruiva e de mim não pode ocultar sua alma new wave.

jé-suis.

e pensar que o medo do povo é se transformar nos pais. hihi

paula disse...

Não é a toa o slogan "Barbie. Tudo o que você quer ser."

Minha mãe me fez um favorzão quando teve a idéia de me dar a primeira Barbie morena. A favorita de todas ever.

Acho que graças a isso eu nunca quis ser loira, nem pra virar paquita.

Poli disse...

cara, academia vai ser legal. adorei.
bem, em se tratando de CV esse comentário dela me fez rolar de rir, principalmente pq estou imaginando a cena.
mas gordofóbica é demais
ps: com relação à barbie, fiz a minha namorar com o hE-man de meu irmão pois não tinha ken (se vcs não lembram, ele tinha metade do tamanha dele...)

très julie disse...

em se tratando de CV, gordofóbica NÃO é demais. eu bem sei tudo o que eu sofro. paula mesmo presenciou o dia do campo de concentração.

très julie disse...

sim, eu virei a minha barbie! fiquei emocionada por você (a outra barbie) ter percebido isso sem eu nunca ter comentado!
aliás, eu fui MEGA apegada a uns 4 brinquedos ruivos.