estou com um milhão de notícias bizarras para postar aqui, mas tomei vergonha na cara e resolvi escrever alguma coisa minha, mesmo. não tanto sobre minha vida atual, já que esta basicamente se resume a estudar em casa (e a servir como menino da informática do lar, já que todas as pessoas que sabem usar computador sozinhas, quando eu estou por perto, ficam me chamando por motivos como "ei, sem querer fiz um orkut pra minha mãe!" (????). sem contar quando seu - tá certo, meu - pai fica horas e horas discorrendo sobre roteadores e conexão wireless quando tudo o que você fez foi perguntar a ele se você podia desligar o estabilizador sem sacanear com a conexão do resto da casa, evoluindo para "meu deus, olhe para esses fios! isso aqui tá um cu de boi!", e lá vai você ficar horas e horas arrumando os fios do desktop) e ter sinusite. ok, a sinusite eu estou resolvendo, fui a um médico ontem.
enfim, e por falar em doença, nunca é tarde para comentar aqui a minha sui generis hipocondria, já pedindo licença pela eventual escatologia, porque doença não é lá uma coisa de muito bom gosto (falar delas, menos ainda, e ó eu aqui). eu não ando com mil remédios na bolsa (no máximo uma neosaldina e os de uso diário), acho ir ao médico um saco, tanto que vivo adiando, e não sou do tipo que acha que vai morrer se acorda espirrando. porém...
minha gente, se aparece alguma coisa que não está como deveria (ou seja, dentro do rol de doencinhas que eu já tive ou cujos sintomas conheço), eu já acho que é *O* bizarro, tipo, call dr. house now (por sinal, dr. house, pega eu!). eu não sabia que tinha sinusite, embora, de vez em quando, tivesse essas gripes que me deixavam com a cabeça pesando uma tonelada (além de ter uma irmã que tem/tinha sinusite, então eu DEVERIA saber os sintomas). numa dessas vezes, eu estava com viagem marcada para cá, e nem dei bola, achando que meus espirros, coriza e outras substâncias afins a este estado que são bem nojentinhas tinham a ver com a inexistente umidade do ar de são paulo juntamente com a sobejante poluição do ar da mesma cidade. ah, que ingênua.
estou bem pimpona no avião, tudo ia mais ou menos bem até que eu comecei a sentir uma pressão no lado direito do rosto. como eu sei que nariz/ouvido/garganta são todos interligados, no começo não fiquei muito tensa. só que a pressão foi aumentando HORRORES, e, pior: começou a subir em direção ao olho direito.
juro, eu pensei "meu deus, cadê as máscaras que não caem? porque é CLARO que isso é a tal despressurização da cabine de que eu ouço falar desde que comecei a viajar de avião!". comecei a olhar para os outros passageiros em busca de sinais de desespero neles (os meus eu estava tratando de esconder, porque, afinal, sou uma hiponcondríaca dramática discreta e maria-vai-com-as-outras). aí que estava todo mundo normal, lendo, conversando, dormindo... a pressão continuou a subir, e eu comecei a ter um pânico de que quando chegasse no olho, eu ia me revelar a protagonista do filme "terror no vôo 57", com o meu globo ocular espetacularmente explodindo/saltando para fora da órbita, num estilo filme B. claro que nada disso aconteceu (que bom, por sinal), mas eu desci do avião com uma dor de ouvido medonha e tão surda quanto a velha da praça é nossa.
ou então, basta, digamos, eu ir ao banheiro para um number two (por favor, entendam o que é number two, eu não quero ser nojenta e muito menos clínica), e sair sangue, e eu: a) não estar menstruada; b) não ter sentido dor, para achar que CLARO que não pode ser algo simples e corriqueiro como uma hemorróida básica. aí o dr. google ajuda a fomentar a paranóia e a imaginação galopante dos que já possuem estas qualidades de sobra, e eu fico, por uns 3 minutos, realmente convencida de que estou com câncer no cólon ou em alguma das adjacências intestinais (porque eu aprendi que, se for úlcera, o sangue estará coagulado, e não fresco).
e até eu acho over o dia em que eu estava com um torcicolo bobinho, e fui dormir. aí acordei no meio da noite com o pescoço inteiro doendo em qualquer posição (e todos sabemos que torcicolo é apenas um jeito, e você só lembra dele quando vira a cabeça), sendo que aquela parte de trás que é a junção do pescoço com a cabeça estava no nível "nem olhe que dói". torcicolo? que nada, eu comecei a JURAR que era meningite (porque pra mim, meningite é algo que, se a pessoa tiver, vai doer ali; falou a pessoa que nem sabe onde as meninges se localizam). gente, era. na minha imaginação, até eu pegar no sono de novo.
essa história continua comigo indo à farmácia comprar relaxante muscular. vocês sabem que de uns tempos pra cá, os funcionários das farmácias passaram a ser expressamente proibidos de indicar remédios, já que só que pode prescrever medicamentes é um médico? pois é. aí, sendo eu uma pessoa que raramente usa algo diferente de neosaldina, paracetamol, sorine, magnésia bisurada, nimesulida, amoxilina, luftal, remédios para gripe com comercias ridículos, pastilhas pra garganta, band-aid e, de vez em quando um xarope (além dos de uso diário), evidentemente não ao mesmo tempo, e mais ou menos nesta ordem de freqüência, não conhecia o nome de NENHUM relaxante muscular que não fosse voltaren, que na minha cabeça é um remédio que meus avós usavam juntamente com adalat e capoten e, oi? esses são todos remédios, também na minha cabeça, bizarros e de uso contínuo (estamos falando de pessoas cardíacas, diabéticas, hipertensas, safenadas e sei lá mais o quê). enfim, chego para a farmacêutica e digo "oi, estou com um torcicolo horrível, e além de usar calminex (de cavalo, que o de humano não adianta picas), que relaxante muscular você me recomendaria? ela olha para o balcãozinho de remédios que ficam na área self-service da farmácia e diz "dorflex". dorflex? DORFLEX? como é, minha senhora? tá loka? where are the fuckin' drugs? não, eu não respondi exatamente isso. eu disse "moça, olhe só, veja o meu problema e se solidarize: hoje é dia 14 de novembro. amanhã é feriado, sexta eu não trabalho, é o último feriado do ano e eu estou indo para o rio de janeiro DE Ô-NI-BUS. tipo, 6 horas para fazer o percurso no tempo normal, mas imagine com o engarrafamento? tenha pena de como eu vou chegar lá se eu não tomar alguma coisa mais potente!". e gente, deu certo. ela me olhou com ar conspirador e disse "ok, eu vou te indicar um remédio mais forte, mas por favor, que isso fique entre nós, porque você sabe que eu não posso...".
deus, quem vê, pensa que eu fui à farmácia comprar heroína ou crack.
sei que o mioflex que ela me passou resolveu lindamente (ele e uma sessão emergencial de acupuntura, muito embora eu confesse não ser totalmente crédula em relação aos benefícios que agulhinhas espetadas em pontos supostamente estratégicos possam trazer - mas não vou reclamar porque ajudou), eu cheguei ótima e, após saber que não deveria misturar aquele remédio com álcool, não pensei duas vezes, esqueci o mioflex e bora essa caipirinha (caipirinha essa que foram umas 4 ou mais, sendo eu e mais 3 boêmios expulsos do bar pelos garçons resmunguentos, mas e daí? foi só andar um pouco e outro bar nos acolheu de portas abertas)! no dia seguinte, a única dor que eu sentia era de cabeça, da ressaca (não, eu não achei que era meningite).
contraditoriamente, quando eu estou com alguma coisa séria, não só não faço drama como fico naquela de "sou macho". por exemplo, no carnaval passado, na sexta, estava eu no palco do rock e consegui a proeza de cair (atenção, não estava bebendo - não tinha banheiro químico, e mesmo com minha bexiga de camelo, chega uma hora em que é preciso mijar -, pulando, dançando ou correndo, e sim apenas saindo da barraca de churrasquinho) de joelho no chão, EM CIMA DE 2 PREGOS ENFERRUJADOS, o que me fez ter que tomar 5 pontos no joelho, que, além disso, ficou todo ralado e sangrento. tomei injeção de analgésico, fui dormir mal deitada, no dia seguinte o joelho estava do tamanho de uma bola de futebol americano, fui tomar antitetânica, vim pra casa e, considerando que era sábado de carnaval e eu não estava exatamente a fim de ficar sozinha em casa, acabei, mah ôe, indo parar NA FESTA DE IEMANJÁ (leia-se, sábado de carnaval, rio vermelho, muvuca, gente dando santo e tal, e eu manquitolando pelas ruas), o que emendou com "vamos pro palco do rock?" de novo. não quero nem dizer que na hora eu estava bem, e no dia seguinte eu mal andava, porque senão vão me chamar de irresponsável. este incidente me fez parar de fumar (voltei pra SP e não podia me locomover até a loja de conveniência, tive uma micro inflamação na garganta e, quando vi, estava sem fumar há uma semana, então resolvi fazer um esforço que até hoje está sendo bem sucedido, quase 8 meses depois).
resumo da ópera: não tentem entender. eu tentei e falhei.
4 comentários:
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!
ai flor, eu não consegui parar de rir!! numa sessão oversharing, eu também tenho essas paranóias hipocondríacas. Uma vez eu dormi em cima do meu braço esquerdo e dei um jeito bizarro no meu ombro, toda vez que respirava fundo, sentia uma pontada. Ok. Mas no dia seguinte, eu estava sentindo pontadas fortíssimas no lado esquerdo do peito e PRONTO. Quase fui ao pronto-socorro e pedir uma ponte de safena.
A Louca!
fiquei REALMENTE fúcsia lendo esse tópico. me identifiquei horrores. eu às vezes exagero. já achei umas 3 vezes que tinha câncer e outras 3 ou 4 que tinha aids e desenvolvi todos os sintomas possíveis e imagináveis, e o google lá, cutucando todos os meus TOCs com vara curtíssima. meeeedo.
eu esqueci de falar que numa viagem de formatura, fiquei com gases e JURAVA que tinha uma costela perfurando meu pulmão, porque doía toda vez que eu inspirava.
mas o mundo moderno fomenta essas maluquices. eu fiz um curso de ressucitação cardíaca e uso do desfibrilador, e aí contaram mil histórias de gente que achou que estava com azia, torcicolo e afins, e, na verdade, estava infartando. e aí, como você vai saber a diferença?
vc esqueceu de fernanda, com gases e que estava enfartando, sem falar em Ana Carla, internada por uma apendicite mas que na verdade só queria peidar...
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