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terça-feira, 27 de setembro de 2011

de volta para o futuro

na minha atual R.E.M. obsession, estou ouvindo a banda mais que nunca nos últimos dias - sei que é bobo porque a música deles continuará, mas é algo que eu faço quase que como um tributo, do mesmo modo que faço quando um artista morre. achei no blog do editor do scream & yell um post que fala sobre o show deles no rock in rio 3, em 2001, o primeiro e único da banda que eu vi, e que tem em vídeos a íntegra do show, então claro que estou assistindo. aí descubro que quando eles tocaram she just wants to be e the lifting, do na época futuro álbum reveal, as músicas eram inéditas não apenas por não terem ainda sido lançadas, mas também, se michael stipe estava dizendo a verdade, pelo fato de nunca terem sido tocadas para nenhuma plateia. não é mesmo especial ter presenciado isso?

mas a questão é: eu não tinha, na época, a noção de que estava num momento histórico. hoje, olho pra trás, revejo o show e percebo a magnitude do que eu vivi, mas apenas porque, de alguma maneira, o tempo que passou e a documentação do evento me permitiram saber disso. então, se me perguntam "como foi o show?", eu vou acabar embutindo uma emoção de ter visto o debut dessas músicas quando, na verdade, eu não tive essa sensação quando as coisas estavam acontecendo.

o mesmo vale para ter vivido a época do grunge e ter ouvido o nevermind loucamente mil vezes. uma coisa é estar feliz na hora em que o momento está acontecendo. outra coisa é, mais tarde, contextualizando o fato no tempo, espaço e demais circunstâncias, perceber o que aquilo realmente significou, o que é absolutamente impossível sem esse distanciamento histórico.

e é assim na vida. não sou adepta do "ah, eu era feliz e não sabia" que as pessoas geralmente usam para descrever a infância e adolescência. certo, você não tinha que trabalhar, que pagar contas, nem tinha preocupações de gente grande. mas também não era tudo um mar de rosas: existiam os problemas existenciais que só os adolescentes conseguem transformar no fim do mundo, amores não correspondidos, bullyings e semi bullyings, crises de se sentir um ET, sentimento de falta de liberdade e várias outras coisas. mas me dou conta de que eu posso estar vivendo o momento mais feliz da minha vida HOJE, mas, infelizmente, só me darei conta disso anos mais tarde - provavelmente quando estiver na merda. ou posso estar convencida que nunca estive tão feliz, mas só mais tarde vou perceber que estava iludida. porque só mais tarde é que a gente descobre que lááááá atrás era tão bonito, querido, magro, desejável e engraçado, ou que se divertia tanto, ou que sente falta de algo que, na época, nem achava a bala que matou kennedy.

essa reflexão toda não tem exatamente uma conclusão, ou uma moral. "viva intensamente porque você nunca sabe o que este momento vai significar daqui a alguns anos" está bom pra vocês? eu fico mais propensa a desejar que uma eu do futuro volte no tempo para me dizer, em diversos momentos, que é a hora de valorizar aquilo, ou de ter calma porque vai passar - aliás, essa ideia de uma eu do futuro voltando para me dizer as coisas não é nova pra mim, embora toda esta compreensão das coisas meio que tenha surgido hoje. mas, por outro lado, não é porque alguém - ainda que este alguém seja você mesmo, só que mais velho e possivelmente mais gordo - está te dizendo que este momento é especial que você vai acreditar nele.

p.s. e nada a ver: tem uma caixa de comentários aí embaixo que serve para as pessoas comentarem. sim, ficarei muito feliz de saber quem está lendo e o que está achando, porque, apesar de falar muito, já não sou tão adepta de monologar.

Um comentário:

Duda disse...

Acho que se a gente voltasse no tempo para avisar ao nosso antigo eu que aquele momento é muito maneiro, ele não seria apreciado da mesma forma de qualquer maneira.

O presente nunca tem a mesma carga do passado, por mais que esse seja o objetivo de muita gente. (Viver o agora é a boa, mas não é nada fácil)